Hemingway não era uma pessoa fantástica, ele era um personagem fantástico. Uma vida espetacular, marcada por dramas e a guerra. Por isso, apesar de autobiográfico, o livro tem gostinho de romance. Em Paris é uma festa, Hemingway conta sobre o período em que morou em Paris, aos 22 anos, e entrou pela primeira vez em contato com grandes escritores nos livros (Tolstói, Dostoievski e Stendhal) e na vida real (Gertrude Stein, James Joyce, Ezra Pound, F. Scott Fitzgerald), nos fazendo viver junto com ele o início de sua carreira como escritor em uma Paris fervilhante. Ele parece o próprio Gil (personagem do filme), absorvendo tudo o que aquelas pessoas fantásticas tinham a oferecer, vivendo no lugar certo e na hora certa em termos culturais.
Adorou passear por Paris no filme de Woody Alen? Então leia Paris é uma festa e fique ainda mais encantado pela Cidade Luz.
Paris é uma festa
Ernest Hemingway
Tradução: Ênio Silveira
240 Páginas
Preço: você encontra entre R$35 e R$40.
Um comentário:
Um fato que me deixa sempre pensando "como?" é sua descrição dos tempos passados em cafés e bares, apesar de dizer das vezes que estava sem grana. Isso é recorrente nos escritores. Quando eu estou sem grana eu nem piso num bar ou num café. Gostaria de saber a mágica dos caras, ou então seria licença poética.
Um momento tocante da narrativa, quando Scott Fitzgerald desabafa com Hemingway que Zelda, num dos ataques de fúria e de depressão dela, brigando com o marido falou que ele tem o pinto minúsculo. Fitzgerald ficou preocupadíssimo. Hemingway precisou mostrar para ele estátuas gregas em muses parisienses para conseguir tirar aquela ideia da cabeça do colega escritor. Nenhum argumento servia a não ser a arte.
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